Com a subida do dólar, custo do
trigo também aumentou
O pão francês, também chamado de careca,
comercializado em padarias, supermercados e mercearias da Região Metropolitana
de Belém, está bem mais caro, segundo a pesquisa do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA). Divulgado na
manhã de ontem, o levantamento mostra um reajuste no mês passado em torno de 6%,
porém o balanço dos últimos 12 meses apontam um aumento que já alcança 20%,
aproximadamente quatro vezes acima da inflação do mesmo período, que foi de
5,69%. Hoje, o quilo do pãozinho custa entre R$ 6 a R$ 9,20, e a unidade entre
R$ 0,30 a R$ 0,46.
Como boa parte do trigo usado no alimento é
importada e paga em dólar, o Dieese explica que com a subida do valor da moeda
norte-americana também há o aumento do ingrediente. "O dólar subiu muito,
principalmente nos últimos dois meses. É como se fosse uma cadeia. O pãozinho
entra no café, almoço, merenda. É a comida de muita gente", disse o
supervisor técnico do departamento, Roberto Sena. Outro fator que influenciou
bastante, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), foi o preço da safra do trigo, reajustado nos últimos 12 meses em Belém
em quase 22%. Já os empresários atribuem a subida no preço do pão ao valor do
frete, que é alto devido à distância entre a Amazônia e os centros produtores
de farinha de trigo. Este ano, o valor para transportar o insumo ficou 17% mais
caro, sem contar os impostos.
O presidente do Sindicato da Panificação e
Confeitaria do Pará, Elias Pedrosa, informa que o preço do pão é tabelado de
acordo com o estabelecimento. "É livre. Cada padaria calcula os preços e
repassa para o consumidor. Mas é claro que se você aumenta o preço, diminui o
consumo. É importante falar que muitas padarias estavam absorvendo o aumento
dos custos anteriores, como a farinha. Num primeiro momento, a panificadora
segura. No outro, repassa", justificou. Ele destaca que, somado à alta da
farinha de trigo, houve também reajuste para a categoria - sem citar valores -
e o aumento do frete do principal insumo do alimento para a produção de pães.
"A gente compra de outros estados que produzem em grande quantidade e sai
mais barato, só que o frete para trazer é caro", acrescentou.
CONSUMIDOR
A gerente administrativa de uma panificadora
na Cremação, Patrícia Cardoso, conta que há um ano e dois meses, o preço do
quilo do pão francês aumentou para R$ 8,20, devido à saca do trigo. "Uma
saca que em junho custava R$ 73, hoje, está R$ 110 ou mais caro, dependendo da
marca. Fora os custos com leite, margarina, açúcar. Todos esses ingredientes
subiram também", afirmou. Quanto à clientela, ela acredita que o
consumidor reclama, porém não dispensa o pãozinho nas refeições, principalmente
de manhã e de tarde.
"Logo no início, eles reclamam, mas é um
alimento que precisa ser consumido", disse. A má notícia é que as
reclamações devem se repetir, pois a gerente prevê reajuste até o próximo mês.
"Tens uns que nos perguntam se vai aumentar de novo. E vamos ter que fazer
isso. Vai ser um aumento de 15 a 20%, porque temos esses gastos que já falei,
mais os funcionários, os encargos deles, as licenças para funcionamento",
adiantou.
Em meio a alta, comprar o pãozinho para o
café da manhã e o lanche da tarde já pesam no bolso do paraense. "Deu para
sentir esse aumento. Antes, comprava com R$ 0,60 cinco pães; agora, com um R$ 1
já não dá mais. Continuo, porque é um alimento de casa. Só que comprar em
grande quantidade já não posso mais", contou o técnico de refrigeração
Manoel Oliveira, referindo-se a uma padaria na travessa Mauriti.
Na Marambaia, a situação é semelhante, de
acordo com dona de casa Regiane da Silva, que compra pão careca duas vezes por
dia. "Subiu muito. Compro por unidade a R$ 0,25, mas antes era até dez
centavos mais barato. Se levar muitos pães, faz a diferença. Continuei
comprando mesmo pela qualidade, que é muito gostoso", afirmou.
Já a dona de casa Dione Bessa prefere comprar
os pães em padarias de supermercado, onde também constatou o reajuste no
orçamento da família. "Antes, conseguia por R$ 5,40 e agora (o quilo) já
passa de R$ 6. Tem que durar uma semana", disse.
Fonte: O Liberal – 23/10/2013
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