quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), em Barcarena, descumpre ordem judicial

 A greve iniciada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), em 21 de maio, no município de Barcarena, já deveria ter chegado ao fim, se o sindicato cumprisse decisão judicial. Há pouco mais de um mês, a desembargadora Marneide Merabet, por meio de liminar, determinou o retorno imediato dos servidores à sala de aula, por reconhecer que a greve era ilegal e abusiva.
 No despacho, a desembargadora foi categórica: "Defiro a antecipação da tutela para determinar o imediato retorno dos servidores públicos, no percentual de 90%, sob pena de multa diária a ser paga ao Aparelhamento Judiciário, pela parte requerida, no montante a R$ 5.000,00". Apesar da decisão do Tribunal, os dirigentes do sindicato decidiram permanecer em greve.
 A sentença da desembargadora esclareceu vários pontos sobre o movimento grevista. De acordo com o despacho, funcionários públicos que decidem cruzar os braços devem apresentar proposta para a manutenção dos serviços, "da qual deve ser dada ciência tanto ao órgão empregador quanto aos usuários de tais serviços, através de divulgação na imprensa local". Nada disso foi feito.
A direção do Sintepp deflagrou greve em Barcarena para reivindicar reposição salarial, com um pedido de 21% de reajuste; gestão democrática nas escolas; hora atividade do 5º ao 8º ano em campo; gratificação de incumbência; e difícil acesso dos professores. No entanto, o grupo se esqueceu de garantir a continuidade dos trabalhos nas escolas.

No dia 26 de junho, o juiz de Direito Guilherme Henrique Berto de Almada indeferiu a ação do Sintepp que pedia para a prefeitura não descontar os dias parados dos grevistas. "Não há como proceder salário, se não houve contraprestação", determinou Almada. "Nos dias de paralisação, os educadores não compareceram ao trabalho, circunstância que por si só autoriza os descontos salariais". Mas o Sintepp recorreu, e os descontos foram suspensos.
 Para a prefeitura de Barcarena, a principal reivindicação da direção do sindicato é o aumento salário. O pedido até agora não foi atendido porque a administração municipal alega não ter como fazer reajuste salarial este ano. O atual governo herdou grandes dívidas e tem arrecadado pouco para fazer despesas que não poderão ser pagas posteriormente. A discussão sobre salário se arrasta por dois meses e já envolve diferentes segmentos da sociedade barcarenense.
A prefeitura se reuniu este ano mais de dez vezes com a direção do Sintepp. Já foi ao Ministério Público apresentar documentos que mostram a inviabilidade de aumentar os gastos com a folha de pagamento dos servidores. Só para ter uma ideia, atualmente, todos os recursos do Fundeb e mais o recurso da prefeitura destinado á educação são utilizados para pagar folha de pagamento dos servidores. As contas foram apresentadas na Câmara de Vereadores e discutidas entre os próprios professores, que estão divididos sobre a questão. Mesmo com todas as tentativas de dialogo para evitar o prolongamento da greve, o sindicato da categoria se mantém irredutível.
TEMPORÁRIOS
No ultimo dia 7, a juíza Ângela Graziela Zottis, da 1ª Vara Cível do município, em resposta a uma ação proposta pelo Ministério Público, determinou que a prefeitura de Barcarena contrate professor temporário para as escolas que estão sem aula no município. O contrato temporário terá prazo até o retorno dos servidores em greve. A juíza disse que a decisão quer evitar prejuízos aos alunos que estão sem aula há dois meses.
A Secretaria Municipal de Educação (Semed) ainda não divulgou o numero exato de professores que deverão ser contratados, mas informou que, esta semana, 40% das escolas da cidade e 20% da zona rural estavam com carência de professores. O relatório diário da situação de funcionário das escolas no município, divulgado a 7 de agosto, mostra que o numero de professores faltosos passa de 250. A decisão da juíza Ângela Zottis determina também que “os vencimentos dos contratados deverão ser pagos no mesmo patamar dos que estavam em exercício”, alem disso, a prefeitura deve levar e consideração os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade (com divulgação no Diário Oficial do Estado, Município e diferentes meios de comunicação social) e eficiência.
“Os contratos com os temporários devem ser informados ao juízo, visando a transparência das contratações”, explicou a magistrada. O não cumprimento da decisão implicara em multa de R$ 5 mil por dia por cada sala de aula encontrada sem professor. A multa será aplicada pessoalmente ao prefeito. A prefeitura informou que não cumprir a decisão. “Faremos todo o esforço para o cumprimento na íntegra”, disse a secretario de Planejamento Alberto Góes.
O Sintepp iniciou a greve para pressionar o governo a aumentar o salário da categoria em 21%, além de outros benefícios. Até agora, houve pelo menos dez encontros para discutir propostas e negociar o fim da paralisação. O prefeito alega que não pode aumentar o salário porque hoje todo o recurso destinado para a educação é gasto com a folha dos servidores.
Apesar do impasse entre prefeitura e sindicato, a maioria das escolas de Barcarena está funcionando normalmente. Segundo o último relatório divulgado pela Semed, esta semana, apenas duas escolas, das 99 existentes no município, estão totalmente paralisadas. Nas outras, a frequência de professores varia.
Fonte: Site O Liberal – Poder – 14/08/2013

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