SÃO PAULO - Das 328
unidades de negociação analisadas pelo Sistema de Acompanhamento de Salários do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(SAS-Dieese), 85% conquistaram aumento real para os pisos salariais no primeiro
semestre de 2013, na comparação com a variação do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Segundo o órgão, que divulgou o estudo nesta quinta-feira,
22, mesmo com um recuo em relação ao quadro registrado em 2012, quando 96,3%
das categorias registraram aumento, os dados deste semestre não tiveram um
comportamento discrepante em relação ao de anos anteriores.
"Em que pese o recuo
observado no resultado das negociações de 2013 frente ao observado em 2012, os
dados revelam que as negociações deste ano encontram-se no mesmo patamar de reajustes
com ganhos reais observado nos últimos anos", diz trecho do estudo.
Por setores econômicos, o
comércio liderou as negociações com reajustes acima da variação do INPC, com
98%. Na indústria, a fatia de reajustes acima da inflação foi de 85%. Já em
serviços a proporção ficou em 79%.
O Dieese apontou, entre
outros fatores, como possível causa da redução das negociações com ganho real,
o aumento da inflação, que "resultou na necessidade de índices de
reposição mais elevados, o que dificultou a negociação de aumentos reais e
diminuiu a margem de ganho dos trabalhadores", pontuou a entidade.
"Outro fator é o desaquecimento da economia, que vinha sendo observado
desde meados do ano passado, e resultou no baixo crescimento do PIB em 2012 e
na redução no ritmo de geração de empregos."
Apesar de o primeiro
semestre ter demonstrado uma piora de cenário quando comparado aos resultados
do ano passado, a entidade mostrou-se otimista com relação ao quadro da segunda
metade do ano, em razão de fatores como a desvalorização do real, a tendência
de queda da inflação e a retomada do crescimento, ainda que tímida.
DESEMPREGO
O rendimento médio do
trabalhador brasileiro encolheu 0,9% em julho, a quinta queda mensal seguida e
a primeira a deixar claro que, mais do que a inflação, é a piora do mercado de
trabalho que está puxando os salários para baixo. Isso porque o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor (INPC), usado pelo IBGE para atualizar os valores do
salários de julho, registrou deflação de 0,13%. Segundo analistas, a perda de
fôlego da economia começa a aparecer na renda do trabalhador.
— Neste mês específico, a
perda do poder de compra se deu em função de outros fatores. O efeito da
inflação foi zero, mas não podemos deixar de levar em conta seu impacto nos
meses anteriores já que a queda vem ocorrendo há cinco meses seguidos — disse
Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Na comparação com julho de
2012, o valor médio recebido R$ 1.848,40 ainda está 1,5% mais alto, o que
também ocorre quando se compara à média dos sete primeiro meses deste ano com o
mesmo período de 2012.
O desemprego medido pelo
IBGE para as seis maiores regiões metropolitanas do país recuou de 6% em junho
para 5,6% em julho. Foi a primeira queda do ano, mas a taxa ainda ficou acima
dos 5,4% registrados em julho do ano passado. O recuo do desemprego resultou de
um aumento de 156 mil pessoas no total de empregados e de uma redução de só 77
mil no número de desempregados, que totalizou 1,4 milhão pessoas — número
considerado estável, levando em conta o tamanho da amostra, em relação ao mês
anterior.
— A boa notícia é que a
taxa de desemprego finalmente inverteu a tendência e começou a cair.
Normalmente isso acontece mais cedo, mas minha expectativa é esse movimento
continuar daqui para frente. O ruim é a renda média, que vem caindo mês a mês
por causa de um mercado de trabalho que já não está excepcional. O mais
importante para o trabalhador agora é manter o emprego, mesmo que isso custe um
salário comido pela inflação ou que ele entre com um salário inicial mais baixo
— explica João Saboia, especialista em mercado de trabalho do Instituto de
Economia da UFRJ. As informações são da Agência O Globo.
Fonte: Agência Estado –
28/08/2013